Cai em 4,6% número de jovens que não trabalham e nem estudam no quarto trimestre de 2021 em relação ao 4ºtri/2020

18 de outubro de 2022 - 15:04

No quarto trimestre de 2021, cerca de 30,3% da população jovem cearense, entre 15 e 29 anos, não estava trabalhando ou estudando (Nen-Nem). Em termos quantitativos, tal índice representava mais de 677,3 mil jovens. No entanto, na comparação com o quarto trimestre de 2020, ou seja, no curto prazo, essa população em situação de vulnerabilidade apresentou uma redução de 4,6%. Dessa forma, existiu uma recuperação ao se observar uma média mais próxima ao patamar pré-pandemia (de 2017 ao final de 2019). “Uma possível explicação para esta recuperação reside na melhoria do cenário no mercado de trabalho entre os jovens. Contudo, no longo prazo (comparação com 2012), esta variação ainda é positiva, representando um aumento de 5,5% ao longo da série”. Os números – e muitos outros – estão no Boletim Trimestral da Juventude (4º trimestre/2021) publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Considerando as diferentes faixas etária, a maior redução (curto prazo) foi registrada nos jovens com idade entre 25 e 29 anos, que apresentou em 2021/T4 uma proporção de 33,55%, contra 37,84% em 2020, ou seja, queda de 11,3%.  Já na comparação de jovens na faixa de 18 a 24 anos (que não estudam e não trabalham) houve queda de 4,2%, ou seja, em 2020 eram 38,7% e no ano passado, 37,08%. Quanto aos jovens correspondentes à faixa etária escolar (15 a 17 anos), esta população era de 5,64% em 2021, com crescimento de 5,7% em relação a 2020. No entanto, se comparado com 2012, houve redução de 52,7%. De modo geral, no curto prazo, todas as proporções relacionadas aos jovens que não estudam e não trabalham sofreram reduções (com exceção para a faixa etária entre 15 e 17 anos).

MERCADO DE TRABALHO

De acordo com o documento, considerando o período entre 2012 e o final de 2019, a proporção de jovens fora do mercado de trabalho estabeleceu uma média de 43,61%. No entanto, em decorrência do cenário de pandemia do Covid-19, este indicador atingiu seu ápice, alcançando, em 2020/T2, um percentual de mais de 55% dos jovens cearenses de 15 a 29 anos fora da força de trabalho. Em uma análise a curto prazo, o estudo observou uma tendência de recuperação, onde, considerando o período de 2020/T4 a 2021/T4, há uma queda de 9% neste indicador. Com tal redução foi possível constatar um retorno do indicador a um nível mais próximo da média observada durante a série histórica, atingindo, em 2021/T4, 44,64% dos jovens cearenses fora da força de trabalho. Em termos de evolução no longo prazo (2012/T4 a 2021/T4), esta variação foi negativa em -1%. Os números – e muitos outros – estão no Boletim Trimestral da Juventude (4º trimestre/2021) publicado pela Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

No quarto trimestre de 2021, a proporção de jovens cearenses que se encontrava na força de trabalho, porém estão desocupados, foi de 19,80%. Em termos de longo prazo, tal percentual representa um aumento de 56%, quando comparado ao último trimestre de 2012. Não obstante, quando observado no curto prazo, este indicador apresentou indícios de uma recuperação, após uma forte tendência crescente. Comparado ao mesmo período em 2020, este seguiu apresentando uma tendência negativa, cuja variação foi observada em -17%. Com tal recuperação, o Ceará terminou o ano de 2021 com uma proporção de jovens desocupados 21% inferior ao Nordeste (24,92% dos jovens) e superior em 2%, quando comparado ao Brasil (19,34% dos jovens desocupados).

Em 2021/T4, o rendimento real médio de todos os trabalhos para jovens ocupados no mercado de trabalho correspondeu a R$ 1.233,40. Este valor representou uma recuperação, com um aumento de mais de 32% entre o período de 2020 a 2021. Quando comparado ao último trimestre de 2012 (R$ 985,72), este aumento correspondeu a 25,1%. E assim, após um período com uma média salarial inferior ao Nordeste, o Ceará voltou a superá-lo e estabeleceu uma diferença de 4,5% em relação à média nordestina (R$ 1.179,9). Enquanto à média nacional (R$ 1.700,70), o Ceará manteve uma diferença de -27,5% durante o mesmo período.

EDUCAÇÃO

Ao fazer uma análise sobre a educação, os autores do Boletim da Juventude chamaram a atenção para o fato de, apesar da melhoria do cenário pandêmico durante o ano de 2021, sua persistência afetou de maneira mais severa, em especial, o público jovem. A educação corresponde ao âmbito onde, em conjunto com o mercado de trabalho, esta população sofreu maiores impactos negativos, principalmente pelas barreiras enfrentadas na transição para aprendizagem online, por aqueles em situação de maior vulnerabilidade. De uma maneira geral, os indicadores educacionais apresentaram oscilações no curto e longo prazo, dado o período de pandemia da Covid-19. Uma das questões foi a dificuldade de adaptar o sistema de ensino a uma pandemia, onde ocorreu a transição para o meio virtual, afetando, de acordo com a ONU (2021), mais de 1,6 bilhão de estudantes ao redor do mundo. Tal barreira encontrada no sistema de ensino remoto colocou em cheque a frequência escolar de muitos jovens, e, principalmente, aumentou o risco de jovens não retomarem seus estudos.

No Ceará – enfatiza o estudo – tal impacto, apesar de ter causado variações negativas no curto prazo, não foi capaz de reverter os índices positivos observados desde o início da série. “Enfatiza-se, portanto, a necessidade de prosseguir com medidas que possibilitem a retomada deste crescimento e avanços no âmbito educacional feitos ao longo destes anos”. No curto prazo (quarto trimestre de 2021 em relação a igual período de 2020), o único índice positivo, de 14,2% foi na proporção de jovens entre 25 e 29 anos com ensino superior completo, que passou de 15,06% (2020) para 17,20%. No entanto, se comprado com 2012, o crescimento foi de 101,3%. A maior queda, no curo prazo, foi verificada na proporção de jovens de 15 a 17 anos frequentando o ensino médio, que, em 2020, era de 69,40% e passou para 62,35%, ou seja, menos 10,20%. Porém, no longo prazo, comparando com 2012 (quarto trimestre), o resultado foi positivo: 25,30%. O estudo completo já pode ser acessado na página do Ipece.

O ESTUDO

O Boletim Trimestral da Juventude tem como objetivo acompanhar os principais indicadores de educação e mercado de trabalho para a população cearense na faixa etária dos 15 aos 29 anos de idade. O documento fornece, aos gestores públicos e sociedade civil, informações sobre o desempenho da juventude quanto à frequência escolar, conclusão dos ciclos escolares, analfabetismo, média de anos de estudos, população jovem ativa no mercado de trabalho, desocupação, informalidade e médias salariais.  Para tanto, este boletim trimestral explora os dados da Pesquisa por Amostra Domiciliar Contínua do IBGE, iniciada em 2012. Os indicadores são calculados com periodicidade trimestral, o que permite observar flutuações ao longo do ano e compará-las com anos precedentes. O Boletim Trimestral da Juventude foi elaborado por Victor Hugo de Oliveira Silva, analista de Políticas Públicas; Vitor Hugo Miro Couto e Silva, colaborador da Disoc e pesquisador do Capp/Ipece, e teve a colaboração de Rayén Heredia Peñaloza, técnica.

Clique aqui e acesse o Boletim Trimestral da Juventude – N 04 / 2021.

Assessoria de Comunicação do Ipece
(85) 3101.3509