Mudanças no quadro econômico e fim das guerras podem alavancar vendas externas

8 de março de 2024 - 10:39

Em 2023, as vendas externas cearenses seguiram o movimento de queda das externas nacionais, pelo menos nos principais produtos da pauta de exportações estadual, revelando que o que vem afetando as vendas externas nacionais também está atingindo as vendas externas cearenses. A conclusão está no Enfoque Econômico (Nº 274 – Março), publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec), que tem como titular o professor Ricardo Pereira, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Tal comportamento, inclusive, poderá se repetir em 2024, segundo observam os autores do estudo: o analista de Políticas Públicas Alexsandre Lira Cavalcante e a assessora Técnica Ana Cristina Maia. Eles advertem que as dificuldades com as vendas do principal produto cearense podem comprometer o agregado das exportações estaduais, especialmente em função da redução nas vendas para um dos seus principais parceiros, o México, que foi ainda o quinto principal comprador de Ferro fundido, ferro e aço do país, superado apenas pelas vendas nacionais desse produto para os Estados Unidos, China, Argentina e Países Baixos.

Alexsandre e Ana Cristina chamam a atenção para outro importante fato: a perda de importantes parceiros comerciais que adquiriram esse produto do Ceará em 2022 e não mais em 2023, revelando danos bastantes expressivos às vendas estaduais deste produto: Canadá (-US$ 38,87 milhões); Espanha (-US$ 31,99 milhões); Turquia (-US$ 31,90 milhões); Polônia (-US$ 30,17 milhões); e Dinamarca (-US$ 24,6 milhões).

Como resultado, as vendas cearenses do seu principal produto exportado concentraram-se ainda mais nas demandas norte-americanas desse produto, o que pode ser um ponto de vulnerabilidade para o estado. Para mudar esse cenário em 2024, é necessária uma melhoria do quadro internacional, com previsão para o fim dos principais conflitos atualmente existentes e também pela conquista de novos e importantes parceiros comerciais para diminuir a dependência nas vendas para os EUA.

No entanto, eles alertam que a melhoria no quadro econômico brasileiro,  via manutenção da estabilidade econômica, tem possibilitado sucessivas reduções na taxa básica de juros (Selic), o que combinada com a manutenção da taxa de juros americana em patamares bem elevados, pode provocar uma saída de capitais especulativos, resultando em leve desvalorização da moeda local, o que poderia melhorar de certo modo as exportações nacionais e locais, mitigando em parte os efeitos das tensões internacionais.

Esse cenário de fuga de capitais, entretanto, pode ser compensado pelo comportamento positivo do saldo da balança comercial brasileira, que apresentou recorde em 2023 – concluem os autores do trabalho.

Clique aqui e acesse o Enfoque Econômico Nº 274 – Perspectivas para o Comércio Exterior Cearense em 2024.

Assessoria de Comunicação do Ipece
(85) 3101.3509