Novo Texto para Discussão mostra ações que podem reduzir impactos causados por desastres naturais
8 de julho de 2019 - 14:55
“Natural Disasters and Local Development in Northeast Brazil: The Case of Droughts and Floods in Ceará State” é o título do artigo científico disponibilizado no Texto para Discussão (nº 128 – junho de 2019) que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). O estudo, que tem como autores Victor Hugo de Oliveira, analista de Políticas Públicas do Ipece; João Mário Santos de França, diretor Geral do Ipece, e Francisco Mário Martins, doutorando em economia (Caen/UFC), mostra que uma melhor infraestrutura urbana e de oferta hídrica (adutoras e reservatórios hídricos, por exemplo), baixa densidade populacional e uma elevada capacidade de arrecadação de recursos próprios leva a menores impactos causados por desastres naturais em termos de população afetada e custos diretos (normalizados pela população municipal).
O trabalho revela, ainda, que elevados gastos per capita estão associados aos elevados impactos de desastres naturais, muito provavelmente refletindo a ineficácia da utilização dos recursos públicos com respeito à prevenção e mitigação de eventos climáticos extremos. Os autores ainda analisam como o nível de renda dos municípios, representado pelo Produto Interno Bruto (PIB) per capita, se relaciona com os desastres naturais. “Os resultados mostram uma relação não-linear, em forma de U. Em outras palavras, essa relação sugere que a magnitude do impacto do desastre natural primeiramente decresce com o aumento do PIB per capita dos municípios e, a partir de certo nível, passa a crescer em virtude dos retornos decrescentes dos investimentos preventivos (os quais aumentam como o PIB do município) em função da elevada exposição do município ao risco de desastre” – explica Victor Hugo.
Tal resultado, segundo o Analista de Políticas Públicas do Ipece, tem importantes implicações para as políticas públicas de desenvolvimento no Ceará, pois a simples promoção do aumento do PIB municipal não é garantia de redução dos impactos de desastres naturais. Ele observa que a maioria dos municípios cearenses está exposta às secas/estiagens que e alguns municípios podem sofrer com eventuais enchentes /inundações por estarem próximos a corpos hídricos. Justamente por isso é que existe a necessidade de que o investimento público municipal na prevenção e mitigação de eventos climáticos extremos seja priorizado e pautado pela eficácia de sua execução. Caso contrário, o alcance de níveis cada vez mais elevados de PIB per capita poderá vir acompanhado de maiores impactos de eventos climáticos extremos.
DESASTRES NATURAIS
Ele lembra que estudos especializados mostram que o risco de ocorrência de desastres naturais depende fundamentalmente de três importantes fatores: do evento natural propriamente dito (escassez ou excesso de chuvas, furacão, tornados, abalos sísmicos, etc.); da exposição da população ao evento natural e do nível vulnerabilidade da população exposta ao evento natural. Particularmente, o Ceará possui 56% de sua população exposta aos eventos climáticos extremos como a seca/estiagem, pois a maior parte de seu território pertence à grade região semiárida nordestina. A vulnerabilidade dos municípios cearenses aos desastres naturais está intimamente relacionada com o nível de desenvolvimento dos mesmos.
Foi com base nesse contexto que os autores buscaram investigar como o nível de desenvolvimento dos municípios cearenses mitiga ou agrava os impactos dos desastres naturais causados por secas/estiagens e por enchentes/inundações. Victor Hugo ressalta, inclusive, que recentemente publicou estudo – “Natural Disasters and Economic Growth in the Northeastern Brazil: Evidence from Municipal Economies of the State of Ceará” – no periódico internacional Environment and Development Economics, mostrando que tais desastres naturais reduzem a capacidade de crescimento econômico dos municípios cearenses no curto prazo. O trabalhoapresentou evidências dos efeitos de desastres naturais sobre o crescimento econômico dos municípios cearenses entre os anos de 2002 e 2011.
Clique aqui e acesse o Texto para Discussão – Nº 128 – Natural Disasters and Local Development in Northeast Brazil: The Case of Droughts and Floods in Ceará State.
Assessoria de Comunicação do Ipece
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