Indústria de calçados do Ceará lidera produção nacional

9 de dezembro de 2025 - 11:38

De 2022 a 2024, a indústria cearense de calçados se destacou nacionalmente, sendo responsável pela maior fatia da produção brasileira em volume. No ano passado, dos 929,5 milhões de pares produzidos no Brasil, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), o Ceará foi responsável por 226 milhões, o equivalente a 24,3%. Em 2023, o percentual foi de 24,4% e em 2022 de 23,9%. Em 2024, a produção nacional atingiu a maior quantidade dos últimos seis anos, superando, pela primeira vez, o período pré-pandemia.

PRODUÇÃO BRASILEIRA DE CALÇADOS POR UNIDADE DA FEDERAÇÃO – PARTICIPAÇÃO ENTRE 2022 E 2024 E MILHARES DE PARES EM 2024

No que se refere ao valor da produção, Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Minas Gerais e Bahia, em 2023, foram os principais produtores de calçados no país, quando se considera o valor agregado medido pelo Valor de Transformação Industrial (VTI). Em conjunto, tais estados alcançaram um valor agregado de R$ 22,13 bilhões, respondendo por 79,3% do VTI total da indústria calçadista no país.

Em 2023, a indústria cearense foi a segunda maior do país em termos de agregação de valor, respondendo por 18,8% do VTI nacional. A atividade local superou São Paulo e ficou atrás apenas do Rio Grande do Sul, que concentrou 29,5% do total brasileiro. Minas Gerais ampliou sua relevância no país e assumiu a quarta colocação, superando a Bahia.

VALOR DA TRANSFORMAÇÃO INDUSTRIAL (VTI) DA INDÚSTRIA CALÇADISTA – CEARÁ, BRASIL E PRINCIPAIS ESTADOS PRODUTORES – 2010 E 2023

Os dados – e muitos outros – estão no Ipece Informe (Nº 273 – novembro/2025) – Evolução e Desempenho da Indústria de Calçados no Ceará: Uma análise de Longo Prazo, que acaba de ser publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec), que tem como titular o professor Ricardo Pereira, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). O Trabalho tem como autores os analistas de Políticas Públicas Witalo de Lima Paiva e Alexsandre Lira Cavalcante e a assessora Técnica Ana Cristina Lima Maia.

EMPREGOS

De acordo com o estudo, na comparação de 2010 e 2023, com exceção do estado da Bahia, que registrou crescimento de 2,62% no total de vínculos formais da indústria de calçados, todos os outros principais estados empregadores apresentaram queda. Dentre elas, a maior foi em São Paulo, com -43,82%, seguido pelo Rio Grande do Sul (-30,76%) e Ceará (-0,79%). A diminuição dos empregos nos principais estados explica, em boa medida, a redução observada na indústria de calçados nacional, cujo recuo foi de -20,79%.

EMPREGOS FORMAIS NA INDÚSTRIA DE CALÇADOS E PARTICIPAÇÃO NA INDÚSTRIA DE CALÇADOS DO PAÍS – CEARÁ, BRASIL E PRINCIPAIS ESTADOS EMPREGADORES – 2010 E 2023

Witalo Paiva explica que, a despeito do recuo cearense, o estado passou a ocupar a segunda posição nacional na quantidade de vínculos ativos. Em 2023, o total foi de 66.355 empregos, o que aumentou a participação nacional de 15,9%, em 2010, para 19,9%, em 2023. Neste quesito, e apesar da queda expressiva, o Rio Grande do Sul continuou a registrar o maior estoque de vínculos formais na indústria calçadista do país, com um total de 95.942 trabalhadores. De todo modo, sua participação nacional foi reduzida de 33,3% para 28,8%, entre os anos de 2010 e 2023.

A distribuição espacial do emprego na indústria calçadista no território cearense revela que, em 2023, a presença de vínculos formais foi verificada em 42 municípios. A produção de calçados alcançou, então, quase 23% das cidades, influenciando positivamente o mercado de trabalho formal e a renda destas economias. Os dois principiais municípios, com mais de dez mil vínculos, foram Sobral (11.702 vínculos) e Horizonte (10.969 vínculos), que, em conjunto, responderam por 34,2% dos vínculos formais totais da indústria calçadista cearense.

Ainda em 2023, um total de quinze municípios passou a ter mais de mil empregados na indústria calçadista, o que reforça a importância da atividade também para a economia do interior cearense. Entre estes, destaques para: Quixeramobim (6.153 empregos); Itapipoca (4.860); Morada Nova (3.987); Brejo Santo (3.979); Crato (2.197) e Russas (2.114).

EXPORTAÇÕES

Em 2024, os principais estados brasileiros exportadores de calçados, em termos de valores, foram Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Bahia e Paraíba, que, em conjunto, concentraram algo próximo de 90% do total das exportações de calçados do Brasil. Nesta lista, o Ceará foi o segundo principal exportador, respondendo por 18,67% das vendas nacionais e ficando atrás somente do Rio Grande do Sul, que concentrou 53,10% das exportações nacionais naquele ano – informa Cristina Lima.

VALORES E PARTICIPAÇÕES DAS EXPORTAÇÕES DE CALÇADOS – CEARÁ, BRASIL E PRINCIPAIS ESTADOS EXPORTADORES – 2010, 2023 E 2024 – (US$ MILHÕES FOB)

As vendas externas nacionais de calçados alcançaram, em 2024, o montante de US$ 1,070 bilhão. A soma é inferior à registrada em 2023, quando foi de US$ 1,264 bilhão e ficou abaixo do valor comercializado em 2010, de US$ 1,648 bilhão. Esse movimento descendente foi também comum aos estados exportadores e reflete um contexto econômico desfavorável para as vendas externas de calçados, marcado pela influência de causas externas como a pandemia da Covid-19, a redução de demanda em países como Estados Unidos, Itália e Reino Unidos e a crise econômica da Argentina.

Clique aqui e acesse o  Ipece Informe Nº 273 – Evolução e Desempenho da Indústria de Calçados no Ceará: Uma análise de longo prazo.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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