Estudo do Ipece analisa o comércio exterior com EUA diante da taxação de 50% das exportações brasileiras

15 de julho de 2025 - 13:37

Caso os Estados Unidos da América adotem realmente a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de agosto, como prometeu recentemente o presidente norte americano Donald Trump, a medida pode causar “efeitos expressivos” no comércio entre Brasil e EUA. A advertência está no Enfoque Econômico (Nº 298) – Relação Comercial entre Brasil, Ceará e EUA – 2000 a 2024, que acaba de ser publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Atenção especial direciona-se, também, a economia cearense, considerando a forte participação dos EUA na pauta de exportação do Ceará, em 2024, que totalizou US$659,07 milhões, representando 44,9% de tudo que foi exportado pelo Estado. Neste mesmo ano, as importações cearenses dos EUA somaram US$ 451,6 milhões, o que resultou em um saldo positivo da balança comercial de US$ 207,5 milhões. A relação comercial entre o estado do Ceará e os Estados Unidos foi, na maior parte do período 2000-2024, favorável ao estado, com saldo comercial positivo em 22 dos 25 anos considerados.

Comércio Exterior – Ceará x EUA – 2000 a 2024 (US$ milhões FOB)

O analista de políticas Públicas Alexsandre Lira Cavalcante – autor do trabalho, juntamente com Ana Cristina Lima Maia, assessora Técnica – observa, no entanto, que a pauta de exportações cearenses é bastante diversificada e vem aumentando essa diversificação por países de destino ao longo dos anos, saindo de 96 países, em 2000, alcançando 153 países, em 2013, finalizando a série com 141 países de destino, em 2024. Contudo, apesar dessa elevada diversificação, a pauta de exportações cearenses ainda é bastante concentrada em poucos países.

Alexsandre Cavalcante informa que, em 2024, os cinco principais países de destino das exportações cearenses foram: Estados Unidos (US$ 659,0 milhões; 44,8%); Países Baixos (Holanda) (US$ 63,8 milhões; 4,35%); México (US$ 57,9 milhões; 3,94%); China (US$ 57,5 milhões; 3,91%); e França (US$ 57,1 milhões; 3,89%).

A participação conjunta para esses cinco países era de 54,3%, em 2000, reduzindo para 40,7%, em 2010, mas voltando a crescer para 60,9%, em 2024, revelando forte aumento da concentração da pauta de exportações cearense por países de destino, especialmente, por conta do aumento de participação das vendas para os EUA, que saíram de 29,6%, em 2010, para 44,8%, em 2024.

Na série 2000 a 2024, os EUA – ressalta o Analista de Políticas Públicas – sempre ocuparam a primeira colocação, tendo registrado perda de participação de 49,73%, em 2000, para 15,57%, em 2014, mas voltando a ganhar grande importância na pauta de exportações estaduais com participação de 44,8% do valor exportado pelo estado em 2024. Contudo, também destaca “O ganho da importância da participação chinesa na pauta de exportações cearenses que aumentou de 0,01%, em 2000, para 3,10%, em 2010, aumentando ainda mais para 3,91%, em 2024, saindo da 70ª posição, em 2000, para a 4ª posição, em 2024” – frisa. 

PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS

Os cinco principais produtos que foram vendidos pelo Ceará, em 2024, para os EUA e que poderão sofrer os efeitos direto da taxação proposta pelo Governo Norte Americano são Ferro fundido, ferro e aço (US$ 441,3 milhões); Peixes e crustáceos, moluscos e outros invertebrados aquáticos (US$ 52,8 milhões); Preparações de produtos hortícolas, de frutas ou de outras partes de plantas (US$ 37,2 milhões); Calçados, polainas e artefatos semelhantes; suas partes (US$ 36,9 milhões); e Gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal (US$ 16,7 milhões).

A participação conjunta desses cinco produtos cearenses para os EUA aumentou de 46,7%, em 2010, para 88,8%, em 2024, revelando uma elevação expressiva no grau de concentração das vendas externas cearenses para este país na comparação dos dois anos – explica Alexsandre Cavalcante. 

IMPORTAÇÕES

A pauta de importações cearenses também é bastante diversificada e vem aumentando ainda mais essa diversificação por país de origem ao longo dos anos, saindo de 81 países, em 2000, alcançando 97 países de origem, em 2024. Contudo, apesar dessa elevada diversificação, a pauta de importações, também, permanece bastante concentrada em poucos países. Os cinco principais países de origem das importações cearenses em 2024 foram: China (US$ 1,16 bilhão; 38,6%); Estados Unidos (US$ 451,6 milhões; 14,9%); Rússia (US$ 170,9 milhões; 5,64%); Argentina (US$ 124,0 milhões; 4,10%); e Colômbia (US$ 121,4 milhões; 4,01%).

A participação conjunta desses cinco países aumentou de 34,5%, em 2000, para 42,2%, em 2010, subindo ainda mais para 67,3%, em 2024, revelando também forte aumento da concentração da pauta cearense de importações por país de origem. E isso ocorreu especialmente por conta do aumento de participação das aquisições vindas da China, que saíram 2,0%, em 2000, para 21,6%, em 2010, aumentando ainda mais para 38,6%, em 2024. É notório o avanço da China na pauta de importações cearenses nos últimos anos. O estudo completo já pode ser acessado na página do Ipece.

PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS

Os cinco principais produtos adquiridos pelo estado dos EUA, em 2024, foram: Combustíveis minerais, óleos minerais e produtos da sua destilação; matérias betuminosas; ceras minerais (US$ 357,0 milhões); Cereais (US$ 23,8 milhões); Plásticos e suas obras (US$ 11,9 milhões); Obras de pedra, gesso, cimento, amianto, mica ou de matérias semelhantes (US$ 10,9 milhões); e Reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes (US$ 7,1 milhões). A participação conjunta desses cinco produtos vindos deste país também aumentou fortemente de 64,5%, em 2010, para 91,0%, em 2024, revelando também aumento de concentração da pauta de importações cearense por produtos oriundos deste país na comparação dos dois anos.

Clique aqui e acesse o Enfoque Econômico  Nº 298 – Relação Comercial entre Brasil, Ceará e os EUA – 2000 a 2024.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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