Indice mostra desconcentração do PIB cearense de 2002 a 2021
14 de janeiro de 2025 - 12:19
A evolução do Índice de Gini da distribuição do Produto Interno Bruto (PIB) a preços correntes para o Brasil, Nordeste e Ceará, relativo aos anos de 2002 a 2021, mostra queda no período nas três dimensões territoriais, revelando um padrão de leve desconcentração do valor do PIB ao longo da série. O Ceará apresentou queda, passando de 0,7868, em 2002, para 0,7743. Embora o resultado mostre ainda um elevado padrão de desigualdade e de concentração da produção no estado, acima de 0,60, o índice cearense é inferior aquele observado no Brasil e no Nordeste.
No Brasil, o Índice de Gini revela um padrão de elevada desigualdade, apesar de ter reduzido de 0,8615, em 2002, para 0,8383, em 2021. Já o Nordeste registrou queda no período, passano de 0,7943, em 2002, para 0,7792, em 2021. Apesar disso, manteve também um padrão de elevada concentração do valor do PIB durante toda a série, mas inferior ao observado no país.
Evolução do Índice de Gini da distribuição do Produto Interno Bruto a preços correntes – Brasil, Regiões e Estados – 2002 a 2021
Os números estão no Ipece/Informe (Nº 262 – Janeiro/2025) – Evolução do Índice de Gini do PIB e do VAB Setorial Cearense: Uma análise comparativa com o Nordeste e o Brasil – 2002 a 2021, publicado pela Diretoria de Estudos Econômicos (Diec) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). O trabalho tem como autor o analista de Políticas Públicas Alexsandre Lira Cavalcante.
Ele observa que a concentração da produção do país medido pelo PIB, apesar de ter registrado queda, não mudou de forma significativa o padrão de desigualdade ao longo dos anos. “O Nordeste e o Ceará também registraram queda na desigualdade da produção, mas não apresentaram mudanças expressivas na comparação do fim com o início da série. No entanto, é notório que o nível de concentração do país é bem superior ao observado no Nordeste e no estado do Ceará”.
Para Alexsandre Lira, a primeira constatação revela que o padrão de desigualdade na produção é elevada e vem mantendo-se persistente ao longo de todo o período, revelando que existe uma necessidade clara de políticas públicas que possam pensar em estratégias de como induzir ou promover uma maior desconcentração da atividade econômica nas três regiões.
ÍNDICE POR SETORES DA ECONOMIA
De acordo com o autor do trabalho, na análise por atividades, a Indústria apresenta o maior nível desigualdade, revelando que a decisão de implantar uma planta industrial ou uma unidade fabril envolvem parâmetros bem mais complexos. “Apesar do padrão de desconcentração industrial cearense ficar abaixo da região Nordeste e do Brasil, não é tão diferente destes, mostrando uma piora deste quadro no último ano”.
Evolução do Índice de Gini da distribuição do Valor Adicionado Bruto a preços correntes da Indústria – Brasil, Regiões e Estados – 2002 a 2021
A segunda atividade com maior nível de desigualdade é o setor de serviços privados. Foi nesse setor onde ocorreu os maiores avanços em termos de redução da desigualdade, ou seja, um maior espalhamento da atividade produtiva deste setor dentro de cada região. Apesar disso – informa o Analista de Políticas Públicas -, a atividade produtiva mantem-se, ainda, bastante concentrada, com o Ceará registrando novamente a menor concentração na comparação das três regiões.
Já a administração pública figura como a terceira atividade com maior grau de concentração na produção. As três regiões registraram uma leve melhora nesse padrão, contudo, mantendo-se ainda elevado. O Ceará apresentou o melhor padrão de concentração, ficando abaixo do Nordeste e bem abaixo do País ao longo de toda a série, revelando que existe uma melhor distribuição dos gastos públicos dentro do território cearense.
Alexsandre Cavalcante afirma que a atividade da Agropecuária registrou o menor padrão de desigualdade da produção dentre todas as atividades analisadas e em todas as três regiões, mas diferente das três primeiras, foi verificada uma piora da concentração ao longo da série, com o estado do Ceará apresentando os menores níveis de desigualdade, comparado ao País e o Nordeste.
Para concluir, ele é enfático: o padrão de concentração do PIB é explicado pela dinâmica da concentração em cada atividade. “A leve melhora no nível de concentração do PIB nas três regiões foi puxada especialmente pela maior desconcentração da atividade de serviços privados, seguido pela atividade da administração pública e por fim, pela indústria. A atividade da agropecuária não contribuiu com este processo de desconcentração do PIB, pois registrou um aumento expressivo de concentração ao longo do período em análise”.
Clique aqui e acesse o IPECE Informe Nº 262 – Evolução do Índice de Gini do PIB e do VAB Setorial Cearense: Uma análise comparativa com o Nordeste e o Brasil – 2002 a 2021.
Assessoria de Comunicação do Ipece
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