600 mil cearenses saem da extrema pobreza entre 2021 e 2023

23 de julho de 2024 - 14:20

Cerca de 600 mil cearenses saíram da extrema pobreza entre 2021 e 2023 (período pós-pandemia da Covid 19), o que representou uma redução de 40,6% do número de extremamente pobres no Estado. Caso a análise seja realizada na série 2012 a 2023, o resultado também é muito significativo: aproximadamente 388 mil cearenses deixaram a extrema pobreza, significando diminuição de 30,7% no total de extremamente pobres em quase uma década. É o que revela o Ipece/Informe (Nº 250 – julho/2024) – A dinâmica da extrema pobreza nos extratos geográficos do Ceará no período de 2012 a 2023, que acaba de ser publicado pela Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Do total que saiu da extrema pobreza entre 2021 e 2023 (600 mil), mais de 193 mil estavam na zona urbana e cerca de 407 mil na rural, quedas de 25,4% na zona urbana e de 56,7% na zona rural. Em 2023, 15,5% da população rural e 7,7% da população urbana ainda permaneciam na extrema pobreza, mas do total de cearenses nessa situação, 64,5% viviam em zona urbana e 35,4% na zona rural. Percebe-se, então, uma mudança no perfil da população extremamente pobre no Estado, que passou a ser majoritariamente urbana. O estudo do Ipece tem como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e estatística (IBGE).

Estimativas e variações no número de pessoas com rendimento domiciliar per capita inferior a linha de extrema pobreza internacional por recortes geográficos – Ceará – 2012, 2021 e 2023

O analista de Políticas Públicas e autor do trabalho, Jimmy Oliveira, explica que as reduções registradas traduzem a diminuição verificada de 5,1 pontos percentuais na extrema pobreza do Ceará, entre 2012 e 2023, desempenho igual do Nordeste e superior ao do Brasil, que teve redução de 2,2 pontos percentuais no período. Em 2012, 14,5% da população cearense vivia na extrema pobreza, que correspondia a um total de mais de 1,2 milhões de pessoas. Em 2023, a proporção de extremamente pobres foi de 9,4% da população total do estado, que equivale a 876 mil pessoas.

De acordo com Jimmy Oliveira, na comparação entre áreas geográfica do Ceará foi possível verificar uma tendência de crescimento quase que contínuo da extrema pobreza na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Entre 2021 e 2023, o número de pessoas na extrema pobreza cresceu 14,6% na RMF, enquanto caiu 53,3% no interior do estado, com reduções de 55,1% no interior rural e 50,9% no interior urbano. “A extrema pobreza caiu de forma mais intensa na zona rural, principalmente, no período pós-pandemia, marcado pelo aumento no valor das transferências dos programas sociais” – frisa.

Somente em 2023, o número de extremamente pobres na RMF cresceu 23,4%, significando um aumento de quase 60 mil pessoas. A RMF concentrava 14,8% do total da população cearense em extrema pobreza em 2012. Esse percentual aumentou para 35,9% em 2023. A estratificação da amostra da PNAD contínua permitiu ainda dividir a RMF entre o município da capital e os demais municípios do entorno metropolitano, e o interior do estado em quatro regiões:  Litoral Oriental\Vale do Jaguaribe; Sul; Sertões; e Litoral Ocidental e Norte.

O Analista de Políticas Públicas ressalta que, entre 2021 e 2023, houve redução em todos os estratos geográficos, com exceção de Fortaleza, com a população da capital vivenciando o aumento da extrema pobreza nos últimos dois anos. O número de pessoas em extrema pobreza em Fortaleza atingiu seu valor máximo em 2023, com um total de aproximadamente 172 mil fortalezenses nessa situação. Enquanto o número de extremamente pobres caiu para menos da metade em todas as regiões do interior do estado no período pós-pandemia. As maiores reduções foram nas regiões Sul e dos Sertões.

Já com relação a distribuição das pessoas em situação de extrema pobreza no Ceará por estratos geográficos, é possível observar um aumento da concentração na RMF e, em especial, em Fortaleza, que concentrava 8,7% do total de extremamente pobres em 2012 e passou a concentrar 19,6% da população cearense na extrema pobreza em 2023, ficando atrás apenas da região do Litoral Ocidental e Norte, que agrega alguns dos municípios cearenses com maiores proporções de pessoas em situação de extrema pobreza. A participação dos municípios do entorno metropolitano também aumentou de 6,1% para 16,3% no mesmo período. No sentido oposto, as taxas de participação dos estratos geográficos que formam o interior do estado diminuíram, com exceção da região do Litoral Oriental\Vale do Jaguaribe. 

O ESTUDO

O objetivo estudo foi calcular o número e a proporção de pessoas no Ceará com renda abaixo da linha de pobreza internacional utilizada para o monitoramento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, comparando com a situação do Nordeste e do Brasil, e analisar a dinâmica da extrema pobreza nas diferentes regiões do estado, de acordo com os recortes geográficos permitidos pela PNAD Contínua do IBGE. Com base na estratificação da amostra da PNAD Contínua, os municípios cearenses foram agregados em seis estratos geográficos: município da capital (Fortaleza), demais municípios da Região Metropolitana de Fortaleza (entorno metropolitano) e as regiões do Litoral Oriental\Vale do Jaguaribe; Sul; Sertões; e Litoral Ocidental e Norte1.

Atualmente, a linha de pobreza internacional é definida como US$ 2,15 por pessoa por dia pela paridade do poder de compra (PPC) de 2017. Como esse valor foi definido com base nos padrões de vida dos países mais pobres, passou a ser considerado como uma linha de extrema pobreza. Por conseguinte, como o padrão de consumo tende a variar positivamente com o nível de renda de um país, duas outras linhas de pobreza para países de renda média foram definidas como US$ 3,65 e US$ 6,85 por pessoa por dia (PPC 2017) para países de renda média-baixa e renda média-alta, respectivamente.

1 A lista de municípios que compõe cada um dos recortes geográficos será apresentada em Anexo.

Clique aqui e acesse o Ipece Informe Nº 250 – A dinâmica da extrema pobreza nos estratos geográficos do Ceará no período de 2012 a 2023.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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