Fortaleza perde participação no PIB estadual, mas continua detentora da maior fatia, com 39,04% em 2020

16 de dezembro de 2022 - 12:12

Apesar de ter perdido participação do Produto interno Bruto (PIB) do Ceará em 2020, Fortaleza continua detentora da maior fatia, já que tem 39,04%, o equivalente R$ 65,16 bilhões do total do estado, que é de R$ 166,91 bilhões. Em 2010 era de 46,64% (R$ 37,00 bilhões) e em 2019 de 41,21% (R$ 67,40 bilhões). A constatação da perda na participação do PIB Fortaleza em relação ao Estado – o que caracteriza uma desconcentração da renda gerada no estado entre seus municípios – está no trabalho Produto Interno Bruto Municipal (Nº 06 – Dezembro/2022) – Análise dos PIB dos Municípios Cearenses 2020. O estudo, que foi divulgado simultaneamente, na manhã de hoje (16), pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra, detalhadamente, o PIB – inclusive per capita – de cada um dos 184 municípios cearenses.

A considerável perda 2,17 pontos percentuais no ano de 2020, comparado com o ano de 2019, é explicada por uma retração mais forte da economia de Fortaleza em relação a economia do interior, decorrente das restrições sanitárias tomadas durante a pandemia da Covid-19. A atividade econômica com o maior valor adicionado no município de Fortaleza é “Demais Serviços” seguido de “Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas” e “Administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social”. O segundo município com maior participação é Maracanaú. Em 2002, sua participação na renda estadual era de 5,82%, passando para 5,96% em 2019 e 5,93% no ano de 2020. É um dos poucos municípios cearenses que possui a atividade “Indústria de transformação” dentre as mais importantes para a contribuição do seu PIB.

Caucaia encerrou o ano de 2020 em terceiro lugar, com uma participação de 4,35%. “O ponto aqui a ser ressaltado é sua evolução ao longo desses 18 anos: em 2002, o município detinha uma participação de 2,91%. Pode-se também destacar o ganho de 2019 para 2020 de 0,12 ponto percentual (em 2019, sua participação era de 4,23%)”. Juazeiro dor Norte, embora tenha perdido participação de 2019 para 2020, ao variar de uma participação de 2,98% para 2,87%, apresentou participação no PIB do Estado do Ceará próximo ao da série histórica, considerando que sua participação em 2002 era de 2,23% (ganho de apenas 0,64 p.p. ao longo de 18 anos).

Já os municípios de Sobral e São Gonçalo do Amarante detinham participação no ano de 2020 de 2,69% e 2,44% ocupando a quinta e a sexta posição, respectivamente. Embora tenham participações próximas, a evolução ao longo da série histórica deles é bem diferente. De fato, Sobral vem perdendo participação desde 2002 (3,42%) e em 2020 (2,69%). Por sua vez, São Gonçalo do Amarante teve um forte ganho de participação ao sair de uma participação de 0,26%, em 2002, para 2,44% em 2020. Destaca-se a produção de energia como a atividade que gera o maior valor adicionado no município, decorrente das termelétricas Pecém I e II situadas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém. Em sétimo lugar no ano de 2020, com uma participação de 2,04%, o município do Aquiraz apresentou ganho de 0,43 p.p. com relação a 2019, quando registrava uma participação de 1,61%.

Com relação aos municípios com menor participação no PIB estadual em 2020, destaca-se: Granjeiro (0,03%), Pacujá (0,03%), Senador Sá (0,04%), Baixio (0,04%) e Umari (0,04%). Observando as participações dos dez municípios com menor participação no PIB do total do Estado no ano de 2020, verificou-se que estes juntos representam apenas 0,38% de tudo que é gerado no Ceará. Individualmente, estes exibem participações menores do que 0,05% no PIB do total do Estado. Entre os municípios com menores participações no PIB, destacam-se de Pires Ferreira e Itaiçaba, que tiveram redução de participação de 2002 a 2020, perdendo posições no ranking do PIB do total do Estado em 2020. Guaramiranga ocupava a 158º posição no ano de 2002, passando a ocupar a 174º. Já Itaiçaba, em 2002 ocupava a 162º posição, e passou a ocupar a 173º, em 2020.

São Gonçalo tem maior PIB per capita

De acordo com o trabalho, que tem como autores os analistas de Políticas Públicas Daniel Suliano; Alexsandre Cavalcante; Cleyber Medeiros; Nicolino Trompieri; Paulo Pontes e Witalo Paiva e os assessores Técnicos Ana Cristina Lima Maia e Rogério Soares, os dez municípios cearenses que apresentaram maior PIB per capita em 2020, foram: São Gonçalo do Amarante (R$ 83,4 mil), Eusébio (R$ 58,6 mil), Maracanaú (R$ 43,1 mil), Aquiraz (R$ 42,1 mil), Pereiro (R$ 25,2 mil), Horizonte (R$ 25,07 mil), Fortaleza (R$ 24,2 mil), Itaitinga (R$ 23,3 mil), Sobral (R$ 21,3 mil) e Jijoca de Jericoacoara (R$ 21,1 mil).
A estrutura e a dinâmica da economia do município de São Gonçalo do Amarante têm colocado este município em primeiro lugar no ranking do PIB per capita do estado do Ceará desde 2017. Em 2020, as principais atividades econômicas desenvolvidas por ele foram: produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana e indústria de transformação. Entre os fatores que vem contribuindo com o bom desempenho econômico de São Gonçalo do Amarante destaca-se o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) formado por termelétricas, pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP S/A), pela Zona de Processamento e Exportação do Ceará (ZPE), usinas termelétricas além de indústrias de siderurgia e metalurgia, cerâmicas e indústrias extrativas.

No caso de Eusébio, o segundo colocado, indústria de transformação de alimentos e bebidas além comércio, manutenção e reparação de veículos automotores e motocicletas, atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares e construção civil. Já Maracanaú, o terceiro colocado, destaca-se a também a indústria de transformação, comércio, manutenção e reparação de veículos automotores e motocicletas, atividades profissionais, científicas e técnicas, administrativas e serviços complementares e a administração pública.

Na análise dos municípios com menor PIB per capita em 2020, os dez que entraram nesta lista foram: Catarina (R$ 6.695,21), Tejuçuoca (R$ 6.958,53), Pires Ferreira (R$ 7.211,45), Miraíma (R$ 7.289,46), Itatira (R$ 7.302,96), Tururu (R$ 7.430,37), Morrinhos (R$ 7.635,05), Apuiarés (R$ 7.642,48), Alcântaras (R$ 7.674,08) e Senador Sá (R$ 7.683,23). Estes respondem por 0,7% do PIB estadual e representam 1,7% da população do Ceará. Em 2020, destaca-se que 89,7% dos municípios cearenses apresentaram um PIB per capita menor do que o do estado do Ceará, ou seja, 165 municípios obtiveram um PIB per capita menor do que R$18.168,35. Adicionalmente, há um elevado nível de concentração de renda, pois os 10 municípios com maiores PIB per capita respondem por 56,1% do PIB estadual e os 10 municípios com menores PIB per capita respondem por apenas 0,7%.

Município de São Paulo tem maior PIB

O estudo também revela os principais municípios do país, ordenados em termos de participação no PIB do Brasil. São Paulo ainda continua hegemônico, seguido do Rio de Janeiro, não obstante seguem perdendo participação desde 2002. Em 2019, suas participações eram de 10,33% e 4,8%, respectivamente, caindo para 9,84% e 4,35%. De 2019 para 2020, houve também algumas alterações no ranking. Além de Osasco e Campinas, Guarulhos é um município que não é capital e ultrapassa esse último ficando entre os dez de maiores participações. De forma mais específica, pode-se observar que embora Osasco tenha perdido participação, a cidade ficou à frente de Porto Alegre em 2020 – sétimo e oitavo, respectivamente. Em nono e décimo estão Guarulhos e Campinas, respectivamente.

O município de Fortaleza, que era o único do Nordeste que se encontrava entre os dez maiores PIB do país (nono) em 2019, perde sua posição com a ascensão de Guarulhos. Comparando 2019 com 2020, Fortaleza perde participação no PIB nacional de 0,05 ponto percentual, saindo de 0,91% para 0,86%, mesma participação de Campinas, mas ficando em 11° no ranking. Embora a cidade de Guarulhos tenha, nessa ordem, os demais serviços, comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas e a indústria de transformação como principais atividades, tendo essa última sido altamente afetada no período pandêmico, assim como Fortaleza e os demais municípios, outros setores do município, como a indústria e agropecuária, tiveram bom desempenhando e, por conseguinte, alavancando o PIB da cidade.

Fortaleza é a oitava entre as capitais

Quanto a participação do PIB das 27 capitais, as seis primeiras posições – São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Manaus, Curitiba – permanecem as mesmas. A partir de Porto Alegre e Fortaleza, que assumem a posição de sétima e oitava, respectivamente, é que se tem uma mudança no ranking com base nos resultados anteriores. No caso específico da capital cearense, o documento destaca seu avanço ao longo desses dezoito anos. Em 2002, Fortaleza era a décima capital no ranking, com participação de 0,9% no PIB nacional; em 2010 ela salta uma posição, mas com participação de 0,95%; em 2019, e 2020 ela salta e ganha mais uma vez uma posição alcançando a oitava posição com participação de 0,91% e 0,86%, respectivamente. Destaca-se que em 2020 a perda de participação vis-à-vis 2010 e 2019, mas com a mesma posição no ranking.

Salvador e Recife são as outras duas capitais nordestinas que aparecem mais bem posicionadas. No caso da primeira, pode-se observar sua perda de participação ao longo do período analisado. Em 2002, Salvador tinha uma participação de 1,06% no PIB nacional ocupando a oitava colocação; em 2019 a capital baiana tinha uma participação de 0,86% perdendo uma posição para Fortaleza; em 2020, mesmo perdendo participação Salvador manteve-se em nono lugar. Semelhantemente a Salvador, Recife também vem perdendo participação ao longo da série histórica em análise. Em 2002, ocupando a nona colocação, sua participação no PIB do Brasil era de 0,95%; em 2010 e 2019 a capital pernambucana segue perdendo participação apresentando participações de 0,86% e 0,74%, respectivamente tendo ocupado a décima posição em ambos os anos. Em 2020, Recife volta a perder uma posição para Goiânia e perda de participação no PIB nacional alcançando 0,66%

Apresentação: RESULTADO DO PIB DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO CEARÁ – Ano 2020 – Primeiro ano assolado pela pandemia
Documento completo: PRODUTO INTERNO BRUTO MUNICIPAL – Análise do PIB dos Municípios Cearenses – 2020

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