Ceará reduz emissão de gases do efeito estufa

16 de dezembro de 2021 - 10:17

Em 2020, o Ceará ocupou a 19º colocação no ranking nacional (26 estados, mais o Distrito Federal) de emissão bruta de Gases do Efeito Estufa (GEE) – 22.943.399 toneladas de carbono equivalente/CO2e -, acima de seis estados nordestinos (Pernambuco, Piauí, Paraíba, Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas) e abaixo do Maranhão (8º) e da Bahia, em nono. O resultado cearense representou uma redução de 13,3% em relação a 2019 (26.002.035 toneladas CO2e). Já as estimativas de remoção de GEE (a fixação biológica do carbono ocorre através da fotossíntese e, quando realizada, reduz temporariamente a concentração de CO2 na atmosfera) foram de 7.680.918 toneladas de CO2e, valor semelhante ao ano de 2019.

São Gonçalo do Amarante, Fortaleza, Maracanaú, Sobral, Juazeiro do Norte, Caucaia, Quixeramobim, Morada Nova, Tauá, Iguatu, Crateús, Crato, Jaguaribe, Quixadá, Maranguape, Itapipoca, Acopiara, Aquiraz, Russas e Cascavel são os 20 dos 184 municípios cearenses que mais emitiram GEE, em 2018, de acordo o Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Dos 20, sete estão localizados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Os dados – e muitos outros – estão no “Boletim sobre a emissão de gases do efeito estufa no estado do Ceará 2020”, elaborado pela Gerência de Estatística, Geografia e Informações (Gegin) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

De acordo com Rafaela Martins Leite Monteiro, titular da Gegin, autora do trabalho juntamente com o analista de Políticas Públicas Cleyber Nascimento de Medeiros (eles tiveram a colaboração de Luciana Moreira), as emissões líquidas (emissões brutas menos remoções) no Ceará somaram, em 2020, 15.262.481 toneladas de CO2e, redução de 16,7% em relação ao ano anterior. “É uma redução significativa, pois ao diminuir a emissão de GEE o Ceará faz o caminho inverso do que vem acontecendo nas últimas décadas, que é o aumento de gases do efeito estufa, que gera maior quantidade de calos e contribui para o aumento da temperatura na terra”.

PARTICIPAÇÃO NACIONAL

O analista de Políticas Públicas Cleyber Nascimento afirma que as emissões brutas de GEE no Ceará representaram uma participação de 1,06% do total de emissões do país em 2020 e que o valor anotado em 2020 é o mais baixo dos últimos 16 anos, quando se contabilizou, em 2004, a participação de 0,87%. As remoções de GEE no Ceará significaram uma participação de 1,21% do total de remoções do país em 2020. Desde 2010 a participação do Ceará varia em torno de 1%. Já as emissões líquidas de GEE representaram 1% do total de emissões do país em 2020.

Ele observa que nos últimos quatro anos houve queda na participação do Estado em relação ao total do Brasil e que os estados que mais lançaram GEE, em 2020, estão localizados nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste. O Ceará, em 2020, ficou em 15ºlugar no tocante as estimativas de remoções de GEE – informa Cleyber Nascimento, acrescentando os Estados que mais removeram GEE neste ano foram o Pará, Amazonas e Mato Grosso. O Ceará ficou em 18º lugar na emissão líquida de GEE no ano passado e Pará, Mato Grosso e São Paulo forma os que mais lançaram gases do efeito estufa naquele ano.

FONTES

Das emissões de GEE no Ceará, no ano passado, a principal fonte foi a geração de energia, com 36%, seguida pela agropecuária, com 32%; resíduos, com 18%; mudanças de uso da terra e florestas, com 10%, e processos industriais, com 4%. Das emissões do Brasil, em 2020, 46% foram devido a mudança de uso da terra e florestas, vindo em seguida a agropecuária (27%), Energia (18%) processos industriais (5%) e resíduos (4%). No setor agropecuário cearense, a fermentação entérica (ocorre em uma das etapas da digestão dos animais herbívoros ruminantes) foi a principal responsável pelas emissões de GEE no setor da agropecuária no Estado em 2020.

Rafaela Martins explica que as emissões pela queima de combustíveis no Ceará são as grandes responsáveis pela geração de GEE no setor de energia no ano de 2020, com cerca de 99,5%, provenientes principalmente das atividades de transporte (55,14%) e geração de eletricidade (24,77%). O subsetor de produtos minerais foi o responsável pela totalidade de emissões de GEE (produção de cimento, cal, vidro e consumo de barrilha). No tocante aos resíduos, 66,16% das emissões no Ceará em 2020 foram provenientes da geração de resíduos sólidos – por sua vez, 33,84% dos gases estavam relacionados ao subsetor de esgotamento sanitário (efluentes líquidos). As alterações de uso do solo corresponderam a principal atividade de emissão de gases do efeito estufa no setor de mudanças de uso da terra no Ceará em 2020.

EFEITO ESTUFA

O efeito estufa consiste em um fenômeno natural causado pela concentração de gases na atmosfera terrestre, sendo que esta concentração gera uma camada que possibilita a passagem de raios solares e a absorção de calor, mantendo a temperatura do planeta adequada. Não obstante, nas últimas décadas a liberação de gases de efeito estufa aumentou consideravelmente em virtude, principalmente, de atividades humanas. Com esse acúmulo de gases uma maior quantidade de calor está sendo retida na atmosfera, contribuindo para o aumento de temperatura do globo.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o avanço de emissões antropogênicas de Gases do Efeito Estufa (GEE) contribui significativamente para o aquecimento global. Dessa forma, estudos do IPCC indicam aumento da temperatura global e dos níveis dos oceanos nas próximas décadas. Como consequência, diversos países podem experimentar condições meteorológicas adversas, tais como mudanças nos padrões de chuvas, ondas de frio e calor, e aumento das ocorrências de secas e inundações, ampliando ainda mais as desigualdades econômicas e sociais no mundo.

Em resposta ao processo de aquecimento global os governos em todo o mundo vêm planejando e implementado medidas para reduzir o avanço das referidas emissões, sendo o Brasil signatário de acordos internacionais como, por exemplo, os protocolos de Kyoto e de Montreal, além dos compromissos de redução de emissões assumidos na Conferência do G20 de Roma e na Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), ambas em 2021. Em 2009, por meio da Lei nº 12.187, foi instituída a Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) oficializando o compromisso voluntário do Brasil, junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, para a redução de emissões de gases de efeito estufa.

Clique aqui e acesse o  Boletim sobre a Emissão de Gases do Efeito Estufa no Estado do Ceará 2020.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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