Estudo do Ipece revela vulnerabilidades climatológicas, agrícolas e sociais dos municípios cearenses em 2021

4 de outubro de 2021 - 15:00

Dos 184 municípios cearenses, 30 estão em alta vulnerabilidade em 2021 de acordo com o Índice Municipal de Alerta (IMA): Monsenhor Tabosa, Irauçuba, Itatira, Quiterianóplis, Campos Sales, Madalena, General Sampaio, Salitre, Mombaça, Tejuçuoca, Independência, Pedra Branca, Apuiares, Chorô, Tauá, Jaguaruana, Parambu, Itaiçaba, Quixadá, Quixeramobim, Canindé, Palhano, Caridade, Russas, Boa Viagem, Pentecoste, Forquilha, Paramoti, Banabuiu e Arneiroz. O Índice avalia um conjunto de 12 indicadores, os quais buscam captar a vulnerabilidade no que diz respeito aos aspectos climatológicos, agrícolas e sociais. Os dados (e muitos outros) estão no relatório Índice Municipal de Alerta (IMA/2021) – Um Instrumento de Orientações Preventivas Sobre Adversidades Climáticas no Estado do Ceará, que acaba de ser publicado pela Gerência de Estatística, Geografia e Informação (Gegin) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

Já o grupo de baixa vulnerabilidade é composto por 29 municípios: Ibiapina, São Benedito, Ubajara, Moraújo, Fortaleza, Guaraciaba do Norte, Palmácia, Maruoca, Tianguá, Pacoti, Itaitinga, Guaramiranga, Eusébio, Aratuba, Cariús, Maracanaú, Granja, Viçosa do Ceará, Paraipaba, Redenção, Pindoretama, Maranguape, Horizonte, Pereiro, Bela Cruz, Iguatu, Trairi, Uruburetama e Itapipoca. De acordo com o estudo, esse resultado se deve ao fato desses municípios terem registrado este ano maiores precipitações pluviométricas, bem como por deterem boas condições de infraestrutura hídrica, melhor situação relativa de produção agrícola e satisfatórios indicadores de assistência social. “O município com o menor IMA em 2021 foi Ibiapina, sendo acompanhado das cidades de São Benedito e Ubajara, todas localizadas na região de planejamento da Serra da Ibiapaba”.

O analista de Políticas Públicas Cleyber Nascimento de Medeiros, autor do estudo e que integra a Gerência de Estatística, Geografia e Informação (Gegin) do Ipece, ressalta que, para o ano de 2021, 30 municípios com apresentaram alta vulnerabilidade, enquanto 29 foram qualificados na categoria de baixa vulnerabilidade. Um total de 67 municípios estava enquadrado na média/alta vulnerabilidade, enquanto 58 na média vulnerabilidade. “Os 30 municípios com alta vulnerabilidade representam 16,3% dos 184 do Ceará, enquanto 29 enquadrados na categoria de baixa vulnerabilidade correspondem a 15,8%. A maior parte dos municípios cearenses se concentra nas classes de média-alta e média vulnerabilidade, correspondendo, respectivamente, por 36,4% e 31,5% do total de município”.

O Analista de Políticas Públicas do Ipece explica que, ao analisar as estatísticas descritivas para o índice global e para as quatro classes de vulnerabilidade do IMA, é possível constatar que a média geral do IMA para os municípios foi igual a 0,6657, enquanto o valor mínimo e máximo correspondeu a 0,3734 e 0,8369, respectivamente. “A média dos municípios das classes de alta (0,7894) e média-alta (0,7031) vulnerabilidade é superior ao valor médio do IMA Global, enquanto que na classe de vulnerabilidade média o valor dos índices foram próximos, com 0,6276 e 0,6657, respectivamente. A média do IMA do grupo de municípios com alta vulnerabilidade equivale a uma taxa 49,6% maior do que a atinente ao grupo de baixa vulnerabilidade (0,5278)”.

Vulnerabilidade por regiões

Os municípios mais vulneráveis estão situados, em sua maioria, nas regiões de planejamento do Sertão Central, Sertão de Canindé, Sertão dos Inhamuns e Litoral Oeste/Vale do Curu. Estas regiões caracterizaram-se por possuir, em 2021, municípios que detêm menores índices pluviométricos, elevados percentuais de perda de safra, assim como expressiva área cultivada com culturas de subsistência, às quais são vulneráveis aos infortúnios climáticos. Ele observa que na região do Sertão dos Inhamuns, composta pelos municípios de Tauá, Aiuaba, Arneiroz, Parambu e Quiterianópolis, quase todos os municípios foram classificados como possuindo alta vulnerabilidade, com exceção de Aiuaba. Já na região do Sertão de Canindé, formada pelos municípios de Boa Viagem, Canindé, Caridade, Itatira, Madalena e Paramoti, todos os municípios ficaram na categoria de alta vulnerabilidade.

Os municípios com menor vulnerabilidade às questões climáticas, agrícolas e de assistência social encontram-se, em sua maior parte, nas regiões da Serra da Ibiapaba, Maciço de Baturité, Grande Fortaleza e Litoral Norte. Na região de planejamento da Grande Fortaleza apenas os municípios de São Luís do Curu e São Gonçalo do Amarante foram qualificados como de média-alta vulnerabilidade, estando os demais municípios nas classes de baixa e média vulnerabilidade. Na região do Litoral Norte todos os municípios foram classificados como detendo baixa ou média vulnerabilidade, enquanto que na região da Serra da Ibiapaba os municípios de Carnaubal e Croata foram classificados como tendo média-alta vulnerabilidade, estando os demais municípios dessa região na categoria de baixa vulnerabilidade.

IMA é calculado desde 2004

O Índice Municipal de Alerta (IMA) é calculado para os 184 municípios do Ceara a partir de um conjunto de 12 indicadores, os quais buscam medir a vulnerabilidade dos municípios no que diz respeito à aspectos climáticos, agrícolas e de assistência social. Os indicadores têm como fonte dos dados a Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), a Secretaria de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (COGERH) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O recorte temporal dos indicadores corresponde aos meses de janeiro a junho de 2021. O IMA é um instrumento para orientações preventivas sobre as adversidades climáticas relacionadas à seca no Estado. O Índice, concebido no ano de 2004 no âmbito do Grupo Interinstitucional Permanente para Convivência e Desenvolvimento Sustentável do Semiárido, se constitui em uma ferramenta que busca avaliar a vulnerabilidade dos municípios cearenses no que tange às questões meteorológicas, agrícolas e de assistência social, tendo em vista que as relações sociedade e natureza se dão na perspectiva de um todo integralizado e ao mesmo tempo dinâmico.

Com o fim da quadra chuvosa no mês de maio tem-se a tendência de redução do volume acumulado de água nos reservatórios, principalmente devido ao fato de que nos meses seguintes não ocorrem um quantitativo de chuvas expressivas no Ceará. O documento reconhece que, nos últimos anos, diversas ações estão sendo realizadas visando garantir a segurança hídrica da população, como por exemplo, a construção de cisternas, barragens e açudes, a instalação de adutoras, a perfuração e instalação de poços, a implantação de sistemas de abastecimento de água, a transposição do rio São Francisco, a integração de bacias por meio do projeto Cinturão das Águas, dentre outras ações.

Clique aqui e acesse o Índice Municipal de Alerta (IMA) – 2021.

Assessoria de Comunicação do Ipece
(85) 3101.3509