Apesar da pandemia, frequência escolar cearense cresce entre jovens no primeiro trimestre de 2021

6 de setembro de 2021 - 16:26

A frequência escolar no Ceará, no primeiro trimestre de 2021, apresentou crescimento tanto no curto (16,3%), quanto no longo prazo (12,3%), chegando a um patamar de 39,3% dos jovens frequentando alguma instituição de ensino (escola/universidade), apesar da continuidade da pandemia (Covid-19). O resultado ficou bem próximo dos índices regional (41%) e nacional (40,6%). Os dados – e muitos outros – estão no estão no Boletim Trimestral da Juventude (nº 01/2021) publicado pela Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado do Ceará. O trabalho também traz análise para o mercado de trabalho para a população cearense na faixa etária dos 15 aos 29 anos, bem como de jovens que não estudam e não trabalham.

De acordo com o estudo, a frequência escolar bruta para jovens de 15 a 17 anos representou uma proporção de 90,3%, enquanto a frequência líquida para esta mesma faixa etária equivaleu a 71,2%. Ainda que a variação no curto prazo (1º trimestre de 2020 e 1º trimestre de 2021) das duas frequências tenha sido sutil (5,9% para a frequência bruta e 1,9% para a líquida), ambas tiveram um crescimento mais expressivo no longo prazo, de 10,5% e 30,6%, respectivamente. A frequência escolar líquida cearense, desde o final de 2017, superou o Nordeste e o Brasil, ficando, em 2021T1, 5,9% acima do Brasil (67,2) e 16,5% acima do Nordeste (61,1%). O Boletim da Juventude foi elaborado pelo analista de Políticas Públicas Victor Hugo de Oliveira, tendo como colaboradora a assessora Técnica Rayén Heredia Peñaloza.

Outra constatação do trabalho é que, apesar da ascensão do indicador de jovens considerados analfabetos entre o final de 2018 e 2019, este indicador (1,43%) desde o início da pandemia vem apresentando uma trajetória majoritariamente descendente que, no curto prazo, significou uma queda de -21,9% e no longo prazo de -56,9%. Quanto à qualificação dos jovens, a proporção entre 15 e 17 anos com o ensino fundamental completo sofreu uma redução de -3,4% no curto prazo, chegando a quase 80% dos jovens em 2021T1. Não obstante, desde 2020T1 ultrapassou esta mesma proporção para jovens brasileiros (75% em 2021T1) e, ao longo prazo, apresentou um aumento de mais de 21%.

Já no curto prazo, a proporção de jovens entre 18 e 29 anos que haviam completado o ensino médio cresceu em 7,4%. Assim, em 2021T1, esta proporção (72,4%) aproxima-se do Brasil (72,35%) e distancia-se em 11,21% do Nordeste (65,10%). Enquanto isso, no longo prazo, este indicador teve o crescimento expressivo de 44,2%. Entre os jovens de 25 a 29 anos com ensino superior completo, em 2021T1, esta proporção equivale a 18%. Com isso, o Ceará apresenta um crescimento de 13,2% no curto prazo e mais de 111% no longo prazo.

SEM ESCOLA E SEM OCUPAÇÃO

A proporção de jovens cearenses (curto prazo) que não trabalha e não estuda sofreu um aumento de 5,6%, chegando, em 2021 T1, a uma proporção de 34,2% dos jovens. No longo prazo, este mesmo crescimento é observado em 24,8%. Com tal crescimento, esta média resulta 3,6% superior ao Nordeste (33%) e 27,9% superior ao Brasil (26,73%). Assim, no primeiro trimestre de 2021, a população do Ceará é composta por 729.791 jovens sem frequentar uma instituição de ensino e sem trabalhar. O estudo mostra que, quando observado este fenômeno por faixa etária, os mais afetados são os jovens de maior faixa etária.

Jovens entre 18 e 24 anos representaram uma proporção de 40,7%, e, em sequência, os de 25 a 29 anos somaram 43,1%. Estes últimos também apresentaram a maior variação, tanto no curto (26,4%), quanto no longo prazo (40,8%). Já para a faixa de 15 a 17 anos foi observada a menor proporção de jovens nesta situação (8,2%). Além disso, a despeito da crise estabelecida pela pandemia do Covid-19, esta proporção apresentou uma grande variação negativa de -35,4% no curto prazo e de -37,9% no longo prazo.

Ao analisar por gênero, há um aumento da proporção de jovens mulheres que não estudam e não trabalham (6,6% no curto prazo e 15,2% no longo prazo), enquanto esta mesma proporção para os homens sofreu uma redução no curto prazo de -3,3%%, chegando a 2021 T1 com 41,8% das mulheres e 26,4% dos homens sem estudar e sem trabalhar. Consequentemente, aumenta-se a diferença histórica existente entre os gêneros. Entre etnias, ao primeiro trimestre de 2021, as proporções de jovens que não estudam e não trabalham brancos e negros/pardos são 29,3% e 29,8%, respectivamente, enquanto indígenas/asiáticos detém a maior proporção de 31,9%.

TRABALHO

A proporção de jovens fora do mercado de trabalho segue aumentando como um reflexo dos impactos da pandemia sofridos no mercado de trabalho. No curto prazo, este aumento correspondeu a 15,5%, chegando ao final de 2021 com uma proporção de 51,4% dos jovens fora da força de trabalho. Esse aumento expressivo fez com que o Ceará superasse o patamar do Nordeste (49,4%) e aumentasse sua diferença com o Brasil (40,8%). Ainda que o maior aumento desta proporção tenha sido entre os jovens de 25 a 29 anos (aumento de 34,6% no curto prazo), a maior proporção foi observada entre a faixa etária daqueles menos qualificados (15 a 17 anos) correspondendo a um 86,4% destes jovens.

Já a proporção de jovens entre 18 e 24 anos corresponde a um 45,1% em 2021T1 (primeiro trimestre deste ano). A proporção de jovens desocupados apresenta uma trajetória ascendente preocupante, onde, no longo prazo, apresenta uma variação de 102,9%. E, no curto prazo, tal crescimento representou 17,4%. Assim, em 2021T1, esta proporção equivale a 28,4%. O maior percentual neste caso também equivale aos jovens entre 15 e 17 anos (52,5% dos jovens), evidenciando que esta faixa etária está absorvendo o maior impacto no mercado de trabalho, por serem jovens menos qualificados (aumento de 200% no longo prazo e 36,7% no curto prazo).

Clique aqui e acesse o Boletim Trimestral da Juventude Nº 01/2021.

Assessoria de Comunicação do Ipece
(85) 3101.3509