Peso da despesa com alimentos é maior nas famílias mais pobres, embora ricos gastem mais

3 de junho de 2020 - 17:14

As famílias mais ricas no Ceará gastaram quase cinco vezes mais com alimentação do que as mais pobres. No entanto, o peso da despesa com alimentos é maior nas famílias mais pobres. O comprometimento da renda com alimentação das famílias mais ricas é menor que em transporte, enquanto das famílias mais pobres foi o contrário. A constatação está no Ipece/Informe (nº 176 /Junho de 2020) – As despesas com alimentação das famílias no Ceará: uma análise da POF 2017/2018 do IBGE, trabalho que acaba de ser publicada pela Diretoria de Estudos Sociais (Disoc) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).

De acordo com a assessora Técnica Raquel da Silva Sales, autora do trabalho, tendo como parâmetro dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), é possível verificar uma desigualdade relevante de gastos com alimentação entre os mais ricos e os mais pobres. Os mais pobres gastam quase tudo com despesas de consumo. Estas diferenças devem ser vistas como um alerta da vulnerabilidade dos mais pobres em um cenário de agravamento da fome na crise econômica esperada devido a pandemia da Covid-19.

Ela chama atenção para o fato que o Ceará já vinha, antes da pandemia, adotando políticas para melhorar esse contexto através do programa Cartão Mais Infância Ceará, que beneficia, com um valor de R$ 85,00, mais de 47 mil famílias com crianças na primeira infância e em situação de extrema pobreza. Também cita o Programa Mais Nutrição, que entrega alimentos para entidades cearenses, visando a segurança alimentar e nutricional e também a redução do desperdício de alimentos. “O governo vem adotando medidas para minimizar os impactos da COVID-19, como, por exemplo, a distribuição de um cartão vale alimentação para mais de 400.000 alunos da Rede Estadual de ensino, no valor de R$ 80,00 cada, além da distribuição de mais de 200 mil botijões de gás para famílias mais vulneráveis” – ressalta. 

OUTROS NÚMEROS

O estudo também revela que, mesmo ainda gastando mais com alimentação dentro de casa, a alimentação fora aumentou nos últimos anos. O valor médio com a despesa com almoço e jantar fora do domicílio dos mais ricos (R$ 349,86) custou quase o valor da despesa total com alimentos (R$ 336,77) das famílias mais pobres. Os gastos com sanduiches e salgados dos mais, em média por mês, foi de R$ 67,01, enquanto os pobres gastaram menos de R$ 7,00, ou seja, quase 10 vezes menos. Em relação à aquisição de alimentos, o Estado do Ceará apresentou médias maiores que as encontradas para a Região Nordeste com cereais e leguminosas, panificados, aves e ovos, lácticos, bebidas e infusões, alimentos preparados e misturas industriais.

As famílias cearenses com até dois salários mínimos (R$1.908) gastaram até 26,3% da despesa com alimentação, enquanto as famílias com rendimentos superiores a vinte cinco salários mínimos (R$ 23.850,00) comprometeram apenas 7,1%. Enquanto 19,9% das despesas das famílias cearenses com até dois salários mínimos foi dedicada a alimentação fora do domicílio, das famílias mais ricas (com mais de 25 s.m) foi de 31,1%. De acordo com o trabalho, no comparativo entre as Unidades da Federação, o Ceará é sétimo com maior despesa com alimentação e o quinto da Região Nordeste, ficando atrás do Piauí (26,65%), Amapá (24,77%), Rio Grande do Norte (24,59%), Sergipe (24,26%), Pará (23,26%) e Maranhão (22,37%).

Clique aqui e acesse o Ipece Informe Nº 176 – As despesas com alimentação das famílias no Ceará: uma análise da POF 2017-2018 do IBGE.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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