Desigualdade salarial entre homens e mulheres no Ceará cai entre 2006 a 2017

20 de maio de 2019 - 14:35

A desigualdade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho formal cearense apresentou, de 2006 a 2017, queda para todas as faixas de escolaridade, sendo as maiores entre analfabetos e os profissionais com ensino completo. A diferença passou de 1,16, em média, para 1,08 vezes.  No entanto, ainda persiste, em todos os níveis educacionais, desigualdade econômica de gênero, ou seja, o homem tem recebido sempre mais que a mulher. A maior diferença encontrada, em 2017, foi entre os trabalhadores com ensino superior completo, quando um homem recebia um salário que era, em média, 1,53 vezes maior que de uma mulher.

No período analisado, o estoque total de empregos formais do Ceará apresentou crescimento anual (médio) de 3,63%, acumulando uma alta de 48,05%, passando de 989,49 mil em 2006 para 1,46 milhão em 2017, um incremento na força de trabalho estadual de 475,45 mil postos. O mercado de trabalho formal continua sendo dominado pelos homens, que ainda conseguiram aumentar a participação no período analisado: para cada quatro mulheres no mercado existem cinco homens. Os dados – e muitos outros – estão no Ipece/Informe (nº150 – Maio/2019) – Mudanças no perfil da escolaridade dos empregados formais no Ceará entre 2006 e 2017, que acaba de ser publicado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará.

O trabalho, de autoria do analista de Políticas Públicas Alexsandre Lira Cavalcante, também revela que, entre 2006 e 2017, a remuneração média para aos empregados no mercado de trabalho formal cearense aumentou de R$ 1,55 mil para R$ 2,14 mil, acumulando alta de 38,24%. A principal explicação para isso, segundo o Analista, está no fato de que,  a exceção dos empregados com ensino superior incompleto, em todas as demais faixas de escolaridade ocorreram aumentos na remuneração média paga acumulada no período analisado. Os principais foram registrados nas faixas inferiores de escolaridade: empregados analfabetos (52,57%), seguido pelo empregados com 5ª série completa fundamental (50,20%) 6ª a 9ª (50,15%) e por aqueles com ensino até a 5ª série incompleta (48,84%).

Ele observa que as remunerações pagas aos trabalhadores formais com menor nível de escolaridade no mercado ainda são baixas, mas, no entanto, quando se considera profissionais nas faixas mais elevadas existe grande diferença salarial. Cita, com exemplo, um profissional com ensino médio, que ganhava, em média, em 2017, R$ 1,56 mil, enquanto um de nível superior completo recebia R$ 4,09 mil; um com título de mestre R$ 6,08 mil e um com doutorado R$ 8,75 mil.  “É possível afirmar que ainda existe no mercado de trabalho formal cearense elevados retornos a educação, quando um profissional com título de doutor ganha, em média, 5,6 vezes mais que um profissional com apenas o ensino médio completo. Vale ressaltar que apesar dos retornos educacionais ainda serem elevados, eles vêm caindo ao longo do tempo: em 2006, a diferença apontada era de 6,8 vezes”.

Dentre todas as faixas de escolaridade (analfabeto; até a 5ª serie incompleta; 5ª serie completa; 6ª a 9ª  fundamental; fundamental completo; médio incompleto; médio completo, superior incompleto; superior completo; mestrado e doutorado), a faixa com ensino médio completo passou de 376,97 mil vínculos (187,68 mil homens e 189,29 mil mulheres) em 2006 para 752,73 mil em 2017 ( 429,79 mil homens e 322,94 mil mulheres), com crescimento médio anual de 6,49% ao ano e acumulado de 99,68%. “O estoque de empregados com ensino médio completo quase dobrou no período de doze anos, resultado de um incremento de 375,66 mil  vínculos formais de trabalho nessa categoria educacional. Esse crescimento foi puxado principalmente pelos trabalhadores do sexo masculino, cujo crescimento acumulado foi de 129,0%, bem acima do crescimento acumulado pelas trabalhadoras do sexo feminino: de 70,61%” – observou Alexsandre Lira.

Ele chama atenção para o fato do estudo mostrar que, ao se acumular o estoque de empregados com nível de escolaridade até o ensino médio incompleto, estes representavam ainda quase metade da força de trabalho formal cearense (43,57%) em 2006, participação que caiu significativamente, quase que pela metade, até 2017 (22,15%), confirmando, assim, “o rápido movimento de escolarização no mercado de trabalho formal cearense”.  Já a evolução do estoque de empregos formais com ensino superior completo aumentou, de 143,78 mil vínculos (52,36 mil homens e 91,42 mil mulheres) em 2006, para 304,94 mil vínculos (115,11 mil homens e 189,83 mil mulheres), mais que dobrando até 2017. A média anual de crescimento dessa faixa de escolaridade foi de 7,07% ao ano, a maior registrada até então, resultando em um crescimento acumulado no estoque de empregados com esse nível educacional em 112,08% no período.

DADOS

Alexsandre Lira explica que o objetivo do trabalho tem por objetivo apresentar as principais mudanças no perfil educacional dos empregados no mercado de trabalho formal cearense no período recente, a partir de dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) da Secretaria de Trabalho, órgão vinculado ao Ministério da Economia. Segundo site da Secretaria de Trabalho, a Rais é um registro administrativo, de periodicidade anual, criada com a finalidade de suprir as necessidades de controle, de estatísticas e de informações às entidades governamentais da área social. Constitui, assim, um instrumento imprescindível para o cumprimento das normas legais, como também é de fundamental importância para o acompanhamento e a caracterização do mercado de trabalho formal criada pelo Decreto nº 76.900, de 02 de Dezembro de 1975.

As principais variáveis empregadas no presente estudo foram o número de vínculos que corresponde as relações de emprego, estabelecidas sempre que ocorre trabalho remunerado e os rendimentos que representa a remuneração média, em salário mínimo, no período vigente do ano-base, da força de trabalho empregada. Para efeito estatístico, não são consideradas as remunerações referentes ao 13º salário. Vale destacar que o número de empregos em determinado período de referência corresponde ao total de vínculos empregatícios efetivados e que o número de empregos difere do número de pessoas empregadas, uma vez que o indivíduo pode estar acumulando, na data de referência, mais de um emprego.

Clique aqui e acesse o Ipece Informe Nº 150 – Mudanças no Perfil Educacional dos Empregados Formais no Mercado de Trabalho Cearense entre os anos de 2006 a 2017.

Assessoria de Comunicação do Ipece
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