Pesquisador da FGV afirma que baixa produtividade no Brasil é sistêmica pois setores são pouco produtivos

28 de novembro de 2018 - 16:32

A baixa produtividade do Brasil é um problema sistêmico para Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia  (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que na manhã de hoje (28) abordou o tema Desafios para o Aumento da Produtividade no Brasil no terceiro dia do encontro internacional PforR Ceará: Aprendizados e Novos Desafios. Ele aponta que a principal razão da baixa produtividade do trabalho no Brasil é que todos “os setores são pouco produtivos em comparação com as economias desenvolvidas”, como, por exemplo, a dos Estados Unidos da América. O evento é realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado, em parceria com o Banco Mundial.

O economista Fernando Veloso afirmou que, embora existam ganhos de produtividade associados a uma mudança na alocação setorial do emprego, eles ficam muito distantes do necessário para eliminar a distância para os países desenvolvidos. Para ele, a convergência da produtividade para o nível das economias desenvolvidas somente vai ocorrer se a produtividade aumentar em todos os setores. “Se o Brasil tivesse a mesma alocação da população ocupada observada nos EUA nossa produtividade aumentaria 68 por cento.  E se o Brasil tivesse produtividade igual a dos estados Unidos em todos os setores, nossa produtividade aumentaria 430 por cento, reduzindo grande parte da distância entre os dois países”.

De acordo com o Pesquisador do IBRE/FGV, em cada setor (agropecuário, serviços e indústria) o Brasil tem uma proporção elevada de empresas com produtividade muito baixa, mesmo em comparação com outros países emergentes, como Chile, México e China.  Ele chama a atenção para o fato dessas empresas não saírem do mercado e continuarem a mobilizar recursos que poderiam ser realocados para empresas mais produtivas. Ele também abordou a questão da educação e informalidade e observou que, de modo geral, os empreendedores informais não têm escolaridade suficiente para se beneficiarem do acesso a economia formal. “Evidências recentes indicam que o efeito de políticas de formalização depende do nível de escolaridade dos empresários” – frisou.

O seminário PforR Ceará: Aprendizados e Novos Desafios, que hoje debateu o tema (geral) Novos Desafios para o Aumento da Produtividade e Competitividade Regional, foi iniciado na última segunda-feira (26) e prossegue até sexta (30). Além de Fernando Veloso, mais duas palestras foram realizadas pela manhã: Dinâmica da Produtividade no Ceará por Silvia Maria Matos, Pesquisadora do IBRE/FGV, e Estratégias de Investimentos para o Desenvolvimento do Ceará nos próximos anos com o professor Flávio Ataliba, diretor Geral do Ipece.

PRODUTIVIDADE NO CEARÁ

A pesquisadora do IBRE/FGV Sílvia Maria Matos, ao abordar o tema Dinâmica da Produtividade no Ceará, disse que está realizando estudo, em parceria com o Ipece, que tem por objetivo calcular a produtividade setorial do trabalho e os indicadores condicionantes que possam contribuir para a análise do desempenho setorial da economia cearense. O trabalho – adiantou – deve estar concluído em janeiro do próximo ano e foi possível mediante convênio do Ipece e IBRE (FGV), que integra o Projeto de Apoio ao Crescimento Econômico com Redução das Desigualdades e Sustentabilidade Ambiental do Estado do Ceará – Programa para Resultados (PforR), em parceria com o Banco Mundial. No encontro, ela adiantou que a produtividade (trabalho) do Ceará aumentou R$ 7,2 mil entre 2004 e 2015, atingindo R$ 30 mil por trabalhador, mas ainda continua bem abaixo da média do Brasil, que é de R$ 51,5 mil (2015).

No entanto, em termos de crescimento, a produtividade do Ceará aumentou 2,4 por cento ao ano, bem acima da média de crescimento do Brasil, que foi de 1,1 por cento. Quanto à taxa de crescimento da produtividade total e setorial (agropecuária, indústria e serviços), a evolução é bem mais elevada, tanto no Ceará quanto no Brasil: 2,8 por cento versus 2,4 por cento e 1,6 por cento e 1,1 por cento, respectivamente. A Pesquisadora afirma que a elevada taxa de informalidade pode ser um fator que explica o baixo nível de produtividade do Ceará. “A educação da população ocupada pode explicar a baixa produtividade do trabalho. Porém, nos últimos anos houve um aumento nos anos médios de escolaridade da população ocupada, com maior convergência à média brasileira. E entre os jovens esta convergência tem sido mais rápida”. Após a palestra de Sílvia Maria, o professor Flávio Ataliba falou sobre Estratégias de Investimentos para o Desenvolvimento do Ceará nos próximos anos. Após o almoço, o encontro continuou com o tema Novas Instituições para o Desenvolvimento Territorial: Experiências Internacionais.

PROGRAMAÇÃO

Três mesas compõem o dia 29/11, que tem como tema Perspectivas Contemporâneas para a Melhoria da Eficiência na Gestão Pública, Novos Projetos na Gestão Pública do Ceará; Planejamento de Longo Prazo e Desafios na Gestão Fiscal. Fernando de Holanda Barbosa, professor da Escola Brasileira de Economia e Finanças (EPGE/FGV) profere palestra magna sobre o tema Governo Liberal ou Intervencionista? Já o prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, aborda o tema O Pacto Federativo e Suas Implicações na Gestão Municipal (16h20min às 17h20min). No último dia (30), workshops: Gestão de Recursos Hídricos e Qualidade de Água, com duas mesas: Experiências Nacionais e Experiências Internacionais. O ex-ministro da Fazenda, Ciro Gomes, é o palestrante do encerramento dos workshops,  com a palestra “Perspectiva para a Economia Brasileira nos Próximos Anos e seus Reflexos no Ceará”, às 16h20min, com comentários de Fernando de Holanda Barbosa, professor da EPGE/FGV, e Aod Cunha de Moraes Júnior, economista, ex-secretário de Estado da fazenda do Rio Grande do Sul.

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