Estudo do Ipece analisa impacto dos desastres naturais, como seca e inundações, no crescimento econômico do Ceará
19 de outubro de 2017 - 09:08
“Natural Disasters and Economic Growth in the Northeastern Brazil: Evidence from Municipal Economies of the State of Ceará” é o título do trabalho do analista de políticas públicas do Ipece Victor Hugo de Oliveira que acaba de ser disponibilizado na página do IPECE. O estudo busca fornecer evidências do impacto dos desastres naturais causados por secas e inundações no crescimento econômico do Ceará, que é um dos estados mais afetados por eventos climáticos extremos no país. Cerca de 87 por cento do território cearense estão dentro do semiárido nordestino com precipitação anual abaixo de 800 milímetros, risco de aridez igual a 0,5 ou menor e risco de seca de pelo menos 60 por cento. Além disso, o Ceará é um dos estados mais pobres e que exibe uma alta vulnerabilidade social aos desastres naturais.
De acordo com Victor Hugo, os desastres naturais possuem efeitos devastadores tanto para o desenvolvimento humano, quanto para o desenvolvimento econômico. Em duas décadas (1992-2012) esses eventos extremos afetaram 4,4 bilhões de pessoas em todo o mundo, levando 1,3 milhões de vidas e gerando uma perda de US$ 2 trilhões. Os desastres naturais podem causar migrações tanto em países pobres, quanto em países ricos. “Tais eventos também afetam a renda e os gastos domiciliares, bem como impactam no mercado trabalho local” – observa, acrescentando que os desastres naturais podem inclusive mantem populações vulneráveis presas à armadilha da pobreza No entanto, países com elevada renda e educação, aberto ao comércio exterior, sistema financeiro estruturado, e com governo economicamente menos intervencionista tendem a experimentar baixas perdas econômicas causadas pelos desastres naturais.
Victor Hugo explica que os eventos climáticos extremos provocam os mais frequentes desastres naturais no Brasil, onde as mudanças climáticas em curso podem intensificar tais tipos de desastres. Como exemplo, ele diz que o Nordeste do Brasil é uma das regiões do mundo que poderá experimentar uma intensificação das secas, como mostram as previsões do relatório International Panel of Climate Change de 2012. Entre 1995 e 2014, quase metade do total de perdas por eventos climáticos extremos ocorreram no Nordeste. A seca verificada entre 2010 a 2016 na região demonstrou que o Brasil ainda sofre com a falta de políticas públicas que promovam uma maior resiliência e preparação para estes tipos de desastres. Estudos evidenciam que as mudanças climáticas reduziram substancialmente a produtividade agrícola no Nordeste – frisa.
O Analista de Políticas Públicas do Ipece afirma que a literatura sobre o assunto tem focado quatro potenciais hipóteses de efeito dos desastres naturais no crescimento econômico de longo prazo: a primeira diz respeito à “creative destruction”, na qual um desastre pode estimular transitoriamente uma economia ao elevar a demanda por bens e serviços, além de elevar o fluxo de fundos interacionais e de inovação. A segunda está relacionada ao termo “building back better”, na qual um desastre pode até causar perdas de capital humano e físico, mas a gradual reposição destes dois fatores de produção de forma modernizada pode levar a um maior crescimento econômico no longo prazo.
Clique aqui para acessar o Texto para Discussão Nº 122 – Natural Disasters and Economic Growth in the Northeastern Brazil: Evidence from Municipal Economies of the State of Ceará.
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