Flávio Cunha: combate às desigualdades e o acompanhamento das ações colocam o Ceará à frente dos demais estados
27 de setembro de 2017 - 14:35
Flávio Cunha, ao justificar a afirmação, deixa claro que é muito difícil convencer não só os políticos, mas também a burocracia com “b” maiúsculo (dos muitos que trabalham nos estados), de que a política implementada tem, necessariamente, de ser constantemente avaliada para que, no caso de não ser o caminho certo, seja possível encontrar outra alternativa ou fazer correções. “Não podemos nos comprometer com algo que não funciona. E, no caso do caminho ser o certo, a prática não serve apenas ao Ceará, mas também a outros estados, como Maranhã, Piauí, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e outros” – garante.
E fazer correções na ação adotada – insiste o Palestrante – os impactos repercutem em todo o Brasil, pois “avaliar o programa adotado, fazer correções, se for o caso, é o principal compromisso de quem realmente quer acertar, de quem deseja mudar atual realidade. E é isso que separa o Ceará do restante dos estados brasileiros”. Outro ponto observado por Flávio Cunha diz respeito à continuidade da política, das ações adotadas. “Caso esteja dando certo, a ação deve prosseguir independentemente de quem governa. E para que isso ocorra, a sociedade tem papel fundamental, cobrando a manutenção. Esta deve ser a reação natural da sociedade – pelo menos é o que esperamos”.

DESIGUALDADE
A desigualdade, segundo o Flávio Cunha, começa muito cedo e continua a ser formada ao longo da vida. Ele explica: somente porque se costuma mensurar a desigualdade da pessoa já na fase adulta, não quer dizer que ela não esteja presente numa criança, num adolescente. “E esta é a parte que gostaríamos de enfatizar, ou seja, quais as políticas que devem ser implementadas para remediar tal realidade, antes que a desigualdade seja ainda maior. Quais as ações na primeira infância devem ser implementadas e quais as políticas de capital humano podem ser adotadas na adolescência” – ressalta.
Quando nada é feito para combater a desigualdade, as consequências são grandes – ressalta Flávio Cunha, pois crianças que “não podem desenvolver suas habilidades socioemocionais são mais propensas a se tornarem problemáticas, entrando em atividades de crime, deixando a escola. Mesmo que não seja cooptada pelo crime, têm mais dificuldades na vida, como conseguir emprego, já que não terá, no futuro, qualificação necessária”. Tais crianças – frisa – em algum momento “virarão adultos; adultos virarão pais e as crianças não terão futuro desejado. É um processo que tem se repetido”.
O Ceará, na visão do professor Flávio Cunha, tem “feito muitas coisas certas”, como, por exemplo, investir em educação de maneira inteligente. Com isso, o que vai acontecer nos próximos anos, pelo menos é o que se espera, é o aumento da produtividade da força de trabalho no Estado. “O Ceará terá uma força de trabalho mais qualificada que, aliada a outras ações, atrairá mais empresas, que buscam justamente este tipo de mão de obra. E isso só será possível com a melhoria do nível de educação”. Porém, ele deixa claro que tudo, toda transformação, começa na educação, mas “tudo não depende do Ceará, mas também do resto do país”.
SAUDAÇÃO

E as intervenções educacionais feitas nessa fase, de acordo com o estudo do professor Flávio Cunha – especialmente com crianças de baixa renda – “possuem taxa de retorno muito superiores aos investimentos feitos em idades posteriores e em outras áreas da atividade econômica” – lembra Flávio Ataliba. Para concluir, ele foi enfático: diante das evidências apresentadas no Fórum, “nossas responsabilidades como gestores e formuladores de políticas públicas aumentam exponencialmente, no sentido de fazermos as escolhas corretas”.

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